IGREJA MATRIZ Nª Srª DA ASSUNÇÃO
A igreja paroquial de Aguiar foi fundada em épocas muito remotas, possivelmente à sombra do padroado do rei D. Dinis e do donatário medieval Fernão Gonçalves Cogominho. Já é citada em documentos régios do ano de 1320 e o seu primeiro prior conhecido foi o bacharel da Sé de Évora Afonso Esteves. A igreja primitiva perdeu-se nos princípios do século XVI e, do período manuelino é a abside subsistente, que foi melhorada por determinação de D. Martinho, após a Visitação de 1534, tendo sido, então, recoberta a nave de travejamento de madeira e recomposto o alpendre da fachada, hoje desaparecido. Estava como seu reitor, na altura o P. João Lopes, sucedendo-lhe o humanista eborense Mestre André de Resende, que custeou a montagem do retábulo da capela - mor, infelizmente perdido em meados do século XVIII.
Teve as seguintes confrarias: Senhora da Assunção (titular), Senhora do Rosário, Senhora das Candeias, Almas e Senhor Jesus, Santo António e São Sacramento.
De frente ao ocidente e situada no antigo Rossio da vila, na passagem da Estrada Real, sofreu uma profunda alteração na fachada, em data imprecisa do século XVIII, que lhe modificou , estruturalmente, os primitivos volumes arquitectónicos. A sóbria e pobre obra subsistente, tem portal granítico, adintelado, frontão triangular, rematado por cruz de pedra, coruchéu no extremo norte e no oposto robusto campanário agudo, de alvenaria decorada por esgrafitos artísticos, com dois olhais e igual número de sinos de bronze fundido, estando o mais antigo, com grande cruz relevada, de andares e estrelóide, cronografado de 1772.
O actual sino das horas, que substituiu o primitivo, é moderno e foi colocado na altura de inauguração do relógio, precisamente no óculo de iluminação do edifício, tendo sotoposta, a lápida marmórea que assinalava o evento.
Na face sul da nave vê-se, obstruído, o portal gótico, relíquia pétrea de templete quatrocentista.
Maior curiosidade conserva a abside, contemporânea do priorado de mestre André de Resende, rasgada por frestas graníticas e gigantes esquinados, com remates de gárgulas de mármore, do tipo canhão.
No lado oposto fica a sacristia, da mesma época e de secção cupular, com telhado de linhas radiadas, envolvido por pináculos esferóides.
Interiormente, o corpo da nave está disposto em planta rectangular e com abobadilha redonda, púlpito, capela baptismal, de arco de pilastras e pia marmórea e duas taças para a água benta do mesmo material e singelas, coevas entre si, completam o recheio artístico do edifício.
Nas faces laterais rasgam-se duas capelas de arcos plenos, que dão pelos títulos (Evangelho): N.ª Sr.ª das Candeias, a qual, em trono improvisado, ostenta N.ª Sr.ª do Rosário, Santo António e S. José. O altar paralelo está consagrado a Cristo Crucificado e às Almas. Venera-se também as esculturas de S. Sebastião e S. Luís Bispo, ambos aparentemente seiscentistas.
A capela-mor mantém os volumes arquitectónicos dos seus fundamentos gótico-manuelinos. De planta quadrangular é aberta por elegante arco mestre de meio ponto, granítico, composto por colunelos duplos, bases pentagónicas abotoadas de discos e cunhas, e capitelação floral, cordiforme. A abóbada também está profusamente decorada. Subsistem vestígios de pinturas murais.
Tem altar de talha policromada da arte rococó, com duas colunas coríntias, onde se expõe a padroeira, N.ª Sr.ª da Assunção, esculpida em madeira estofada e de certo merecimento artístico.
In Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora - Túlio Espanca, Lisboa, 1978.
Editado por José Luis Rocha