por Catarina Ferreira
Embora a importância das opções sustentáveis a tenha acompanhado desde sempre, só em 2011 o projeto Idict tomou forma. "Comecei a fazer experiências com materiais que tinha à mão com o objetivo de criar acessórios", conta a jovem de 30 anos, licenciada em Artes Visuais e Pintura e natural de Évora, em entrevista ao Boas Notícias.
"Fui seguindo o meu gosto pessoal, o gosto pela arte... em termos de materiais, interessava-me que fossem reutilizados e a técnica, o resultado, tinham de ser inovadores, porque caso contrário não faria sentido", explica Anabela.
Ainda no decorrer desse ano, a empreendedora portuguesa esteve em Barcelona, Espanha, para fazer uma pós-graduação em Desenho na Faculdade de Belas Artes e acabou por participar no Mercado de Artesanato Urbano português naquela cidade espanhola, onde vendeu "as primeiras pregadeiras feitas a partir de tampas de embalagens, botões, revistas e outras coisas que encontrava".
"Correu muito bem!", recorda. Chegada a Portugal, sem emprego e com vontade de dar continuidade ao trabalho que começara, decidiu apostar em novas experiências, experiências essas que culminaram na técnica que utiliza hoje para criar as suas peças de joalharia ecológicas.
Mas, afinal, que materiais estão na base destes acessórios de moda originais? "Utilizo plástico PET transparente, de embalagens, papel de revistas de arte antiga e contemporânea desatualizadas e massa à base de cola para preenchimento das peças", desvenda Anabela, sublinhando que cada brinco, pulseira ou colar é "inteiramente manufaturado" e, consequentemente, único.
A artista serve-se de "revistas que tinha lá por casa" e de outras "cedidas por museus" para construir as suas joias, ao passo que o plástico é, muitas vezes, "fornecido por vizinhos e amigos" que, em vez de o colocarem no ecoponto, preferem deixá-lo à porta de sua casa, esperando para ver em que peças vai transformar-se.
Joias despertam "bastante interesse" do público
A reação do público ao trabalho de Anabela tem sido, aliás, muito positiva, como a própria garante. "Costumo dizer que agrado a gregos e a troianos", brinca a jovem. Os principais admiradores são os amigos, que "acharam muita piada" à ideia e "são grandes clientes", mas "todas as pessoas" a quem explica o processo "ficam muito surpreendidas".
"À primeira vista não parecem [ser feitas de] material reciclado e o facto de utilizar imagens de obra de arte também desperta muito interesse", justifica. "E, depois, elaboro peças dentro de um vasto leque estético, o que possibilita chegar a pessoas que gostem de acessórios mais conservadores ou arrojados, mais coloridos ou mais neutros", salienta ainda.
Exportações estão no horizonte
Atualmente, a Idict está representada em vários pontos do país. As peças de Anabela podem ser adquiridas de norte a sul, em locais como a Loja de Serralves, na Fundação Serralves, no Porto, na Anthrop - Espaço de Divulgação de Autores Portugueses, em Coimbra e na loja do Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa.
Além disso, as suas joias, que integram neste momento uma pequena exposição no restaurante dos pais, em Évora, estão também à venda em espaços do comércio local daquela cidade, onde nasceu. São os casos da loja de artesanato urbano "Gente da minha Terra" e do Hotel dom Fernando.
O preço destas "joias recicladas" varia entre os 10€ e os 40€, valores que Anabela considera "bastante acessíveis", tendo em conta que estão em causa "peças exclusivas", feitas inteiramente à mão e impossíveis de reproduzir.
Para já, a criadora da Idict, que se dedica, a 100% à sua marca, considera que esta tem sido uma experiência "bastante gratificante", pelo que ambiciona não ficar por aqui.
"O meu objetivo é dar a conhecer o meu trabalho ao maior número de pessoas possível e gostaria também de exportar para alguns países, mantendo-me na área das lojas de museus e galerias de arte", conclui.
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