"É um marco na indústria e representa a confiança que a empresa tem na economia portuguesa", afirmou José Sócrates na cerimónia de assinatura do acordo entre a Embraer e o Governo português.
Sócrates sublinhou ainda que este acordo (OGMA/Embraer) representa "um salto tecnológico" porque Portugal passa "de um estádio de manutenção de aviões para um estádio de fabricação de componentes para aviões".
O acordo assinado hoje no Centro Cultural de Belém resulta de dois anos de "difíceis negociações" entre o governo português e uma das maiores empresas mundiais de fabrico de aeronaves.
O primeiro-ministro português frisou igualmente que esta "nova aventura entre Portugal e o Brasil" é "uma aliança para competir num mercado internacional extremamente exigente".
"Há muito tempo que Portugal queria um cluster aeronáutico e este investimento terá um efeito multiplicador. Isto é só o começo de uma aventura", afirmou, antes de cumprimentar o presidente brasileiro Lula da Silva.
Por seu lado, o presidente brasileiro sublinhou a "excelente porta de entrada no mercado europeu" que Portugal representa para as empresas brasileiras.
"Isto só mostra que o Brasil está a ter a mesma confiança agora em Portugal que Portugal teve antes no Brasil", afirmou.
Lula da Silva destacou que o projecto da Embraer é um "investimento com potencial global amplo para os dois países" e admitiu a possibilidade de novas empresas brasileiras seguirem o mesmo caminho.
"Poderão surgir oportunidades para outras empresas brasileiras na área", afirmou, antes de frisar a qualidade do trabalho desenvolvido pela Embraer.
"A qualidade dos aviões da Embraer é tal que até o Governo está comprando dois", gracejou Lula da Silva, antes de posar para os fotógrafos ao lado de Sócrates e do presidente da Embraer, Frederico Curado, segurando uma réplica em miniatura dos aviões construídos por aquela empresa brasileira.
Sobre a aposta da Embraer em Portugal o presidente da empresa destacou o investimento inicial de 148 milhões de euros em duas unidades (uma para fabrico de estruturas metálicas e outra para componentes como resinas) e afirmou que a escolha de Évora se deveu, entre outros critérios, ao potencial da região no acesso à mão-de-obra qualificada e facilidade de acesso à infra-estrutura logística.
A propósito das mais-valias para Portugal, o ministro da Economia, Manuel Pinho, lembrou que este é "um dos projectos mais importantes dos últimos anos" em Portugal, depois da modernização da indústria automóvel e da recuperação da Petroquímica.
A instalação das duas fábricas, que começarão a funcionar no final de 2009 e beneficiarão de verbas do Quadro de referência Estratégico Nacional (QREN), implicou o lançamento de um processo de formação profissional "semelhante ao da AutoEuropa" e um "grande empenho da Câmara Municipal de Évora".
No final da cerimónia, o presidente da autarquia, José Ernesto Oliveira, destacou a importância "para toda a região" da instalação das duas unidades da Embraer em Évora.
Quanto às contrapartidas da Câmara neste negócio, o autarca sublinhou que elas passam por "terrenos a custos reduzidos, pela redução nas taxas e impostos municipais e pela facilidade nas infra-estruturas".
As duas unidades fabris de componentes para aviões vão ser construídas na área do aeródromo da cidade e o contrato com a autarquia será assinado segunda-feira.
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Lusa/fim
Editado Por José Luis Rocha